A Comissão de Proteção de Dados da Irlanda (DPC) abriu uma investigação contra a plataforma X (antigo Twitter) por utilizar dados pessoais de usuários da União Europeia no treinamento de seu sistema de inteligência artificial, o Grok. A apuração se concentra no uso de postagens públicas feitas por usuários do Espaço Econômico Europeu (EEE), levantando preocupações sobre o cumprimento das normas do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), que impõe limites rigorosos ao uso de informações pessoais.

A Irlanda atua como principal reguladora da X na UE devido à localização da sede europeia da empresa no país. Com autoridade para aplicar multas de até 4% do faturamento global de uma companhia, a DPC tem poder significativo no bloco. Essa investigação reforça o papel central da Irlanda na fiscalização de gigantes da tecnologia que operam na Europa, especialmente em temas relacionados à privacidade de dados.
A tensão entre reguladores europeus e empresas americanas já foi alvo de críticas por parte de autoridades dos Estados Unidos. O ex-presidente Donald Trump e aliados acusam a UE de usar regulações como forma de taxação disfarçada. Elon Musk, dono da X e conselheiro de Trump, tem se mostrado crítico ferrenho das normas europeias.

Em um episódio anterior, a DPC já havia processado judicialmente a X para impedir o uso de dados de usuários europeus no treinamento de IA. A empresa aceitou interromper a prática antes de obter consentimento explícito dos usuários, levando a DPC a encerrar o processo. O compromisso foi descrito como permanente, mas a nova investigação sugere possíveis descumprimentos.
Desde que passou a ter poderes sancionatórios em 2018, a DPC multou empresas como Meta, TikTok, LinkedIn e Microsoft, somando bilhões de euros em penalidades. A X não era alvo de sanções desde 2020, quando recebeu uma multa de 450 mil euros.