A bactéria marinha Alcanivorax borkumensis tem um papel importante na degradação de petróleo no oceano, especialmente após vazamentos. Ela se alimenta dos alcanos — cadeias de hidrocarbonetos presentes em grande quantidade no petróleo — e se multiplica rapidamente nessas situações, contribuindo para a aceleração do processo de limpeza ambiental. Sua eficácia se deve, em parte, à produção de um composto semelhante a um detergente natural.

Esse “detergente orgânico” é uma molécula formada por glicina e um composto de açúcar e ácido graxo. Com uma extremidade solúvel em água e outra em gordura, ela permite que a bactéria se fixe às gotas de óleo e forme um biofilme sobre elas. Essa adesão é fundamental para que a bactéria consiga absorver e degradar o petróleo. A ação é comparável à de um detergente que emulsiona o óleo, facilitando sua remoção.
Pesquisadores de universidades alemãs conseguiram identificar os genes responsáveis por essa síntese. Quando esses genes foram desativados em testes laboratoriais, as bactérias perderam sua capacidade de se fixar às gotas de óleo, resultando em crescimento mais lento e menor absorção de hidrocarbonetos. Isso confirmou a importância do composto na eficiência da degradação do petróleo.

A descoberta do caminho bioquímico de produção do detergente foi possível graças ao trabalho de uma doutoranda que identificou três enzimas essenciais no processo. Esses genes foram transferidos para outra bactéria, que passou a produzir o mesmo composto, abrindo possibilidades de engenharia genética para criar microrganismos mais eficientes na biorremediação.
Além de aplicações ambientais, o detergente natural produzido por A. borkumensis pode ter utilidade em processos biotecnológicos, como na produção de compostos químicos a partir de hidrocarbonetos.