Microplásticos provenientes de resíduos humanos estão sendo aplicados em terras agrícolas do Reino Unido através do lodo de esgoto, permanecendo na cadeia alimentar e contribuindo para a poluição contínua e riscos à saúde humana. Em 2023, 819 mil toneladas desses sólidos foram espalhadas em mais de 375 mil acres na Inglaterra, prática que também ocorre na Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.


Atualmente, a legislação britânica não considera os microplásticos como poluentes prejudiciais, e os testes realizados nos lodos verificam apenas metais pesados como chumbo e zinco. Essa lacuna legal permite que microplásticos retornem à cadeia alimentar, sendo novamente ingeridos pelos seres humanos.
Pesquisas apontam que microplásticos prejudicam ecossistemas, solo, ambientes aquáticos e a vida selvagem, destacando a necessidade urgente de regulamentações mais rígidas. A Comissão Europeia também recomendou revisar a Diretiva sobre Lodos de Esgoto para incluir microplásticos e outros poluentes orgânicos ou farmacêuticos presentes nos lodos.
A prática de usar lodo em agricultura é mais barata que a incineração, mas a supervisão tanto da União Europeia quanto do Reino Unido precisa de revisão. Incidentes de poluição hídrica por empresas privadas de água geraram críticas públicas, e a legislação atual é considerada branda, permitindo níveis de poluição considerados elevados.
Com evidências crescentes sobre os efeitos prejudiciais dos microplásticos à saúde humana, reduzir sua presença nos fertilizantes agrícolas é essencial. Entretanto, mudanças significativas na fiscalização dos lodos parecem improváveis, e a maioria do público apoia a reestatização das companhias de água para maior controle e proteção ambiental.