O uso diário de plásticos descartáveis representa um dos maiores atos de autossabotagem coletiva da humanidade. Todos os anos, cerca de 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos são descartadas, um salto gigantesco em relação às 2,1 milhões de toneladas produzidas em 1950. Se nada mudar, a previsão é que a poluição plástica triplique até 2060, ultrapassando um bilhão de toneladas anuais, impulsionada pela produção incessante e gestão ineficiente dos resíduos.

Grande parte desse plástico tem destino inadequado: cerca de 60% acaba em aterros ou na natureza, apenas 15% é reciclado e mais de 22% vai direto para ecossistemas. O plástico não se decompõe de forma natural, mas se fragmenta em micro e nanoplásticos que contaminam oceanos, florestas, neve e até o ar. O impacto desse ciclo é duradouro, invisível e altamente tóxico.
As consequências ambientais e para a saúde humana são graves. A poluição plástica é responsável pela morte de aproximadamente 100 mil mamíferos marinhos e um milhão de aves marinhas todos os anos. Já foram encontrados microplásticos em órgãos humanos como rins, fígados e placentas, enquanto os compostos químicos liberados por plásticos estão associados a cânceres.
Apesar da gravidade da crise, medidas concretas seguem escassas. A cientista Samantha Anderson, da empresa DePoly, aponta que o setor de reciclagem, aliado à indústria do petróleo, há décadas engana o público sobre a real eficácia da reciclagem. Reportagens investigativas mostram que a promessa da reciclagem era apenas uma estratégia para continuar vendendo plástico virgem com aparência de responsabilidade ambiental.

Empresas como Coca-Cola, Nestlé, PepsiCo e Starbucks são apontadas como líderes na geração de poluição plástica. Embora anunciem metas e compromissos sustentáveis, a ação concreta é limitada, frágil e, frequentemente, apenas simbólica.