Nessas montanhas, ao norte da Etiópia, a sustentabilidade emerge como uma necessidade vital para preservar um dos ecossistemas mais antigos e ricos da África. As encostas escarpadas, os vales profundos e os altiplanos abrigam espécies únicas, como o babuíno gelada, o íbex-da-abissínia e o lobo-etíope. Diante da crescente pressão populacional e da mudança climática, comunidades locais e organizações ambientais vêm adotando práticas que conciliam a preservação ambiental com o sustento das famílias que vivem nas áreas protegidas do parque.


Entre as ações praticadas, destaca-se o reflorestamento de áreas degradadas com espécies nativas, conduzido por agricultores locais com apoio de ONGs internacionais. Em 2009, quando uma forte seca assolou a região, muitos lembram de como o desmatamento agravou a escassez de água. Desde então, grupos comunitários foram criados para monitorar o uso da terra, orientar sobre práticas agrícolas sustentáveis e restaurar nascentes.

A conservação da fauna também é prioridade. Guardas florestais, muitos dos quais são antigos caçadores, foram treinados para monitorar espécies ameaçadas e educar visitantes sobre a importância do ecossistema local. Um deles, Bekele, ainda se lembra de quando era menino e seu pai caçava íbex para alimentar a família. Hoje, ele guia turistas pelas trilhas, apontando os animais com orgulho, consciente de que o turismo sustentável gera renda e protege a biodiversidade.


A educação ambiental nas escolas das vilas próximas ao parque é outro pilar fundamental. Crianças aprendem desde cedo sobre a importância da biodiversidade, dos ciclos naturais e da preservação da água. Em uma escola de Debark, fotos antigas mostram como a paisagem foi mudando ao longo das décadas — o verde retornando aos poucos onde antes havia apenas terra seca.