Há dez anos, foi concluído o Bosco Verticale, em Milão, o primeiro “bosque vertical” do mundo. Projetado por Stefano Boeri, o edifício foi criado como resposta às cidades densas e quentes como Dubai, com a proposta inovadora de integrar a natureza à arquitetura urbana. As torres cobertas por mais de 20 mil plantas não apenas refrescam os ambientes como melhoram a qualidade do ar e atraem biodiversidade.

A ideia deu origem a uma nova tendência global. Desde então, construções semelhantes surgiram em diversas cidades como Nanjing, Taipei, Montpellier e Cairo, incluindo projetos de habitação social, como o Trudo Vertical Forest, que comprova que esse modelo também é viável economicamente. Edifícios como o Tao Zhu Yin Yuan, em Taiwan, absorvem CO2 e reduzem o uso de ar-condicionado, combinando sustentabilidade e estética.
Estudos recentes reforçam os benefícios da biofilia — a integração da natureza aos espaços construídos — para a saúde mental e física. Pesquisas mostram que o contato com áreas verdes reduz ansiedade e depressão, além de melhorar a qualidade de vida em ambientes de trabalho. Cidades mais verdes promovem bem-estar e conexões sociais, especialmente em regiões mais vulneráveis.
Essa abordagem também está transformando hospitais, como o Hospiwood 21, na Bélgica, e o novo hospital de Milão, com jardins terapêuticos. Aeroportos, hotéis e museus também adotam essas práticas, como o Jewel Changi, em Singapura, e o Depot, em Roterdã, reforçando que a integração com a natureza pode acontecer em qualquer tipo de construção.

Para Boeri e outros arquitetos, esses projetos são mais do que edifícios — são um manifesto pela reconciliação entre o ser humano e o meio ambiente. Ao transformar construções em organismos vivos que produzem energia, filtram o ar e abrigam vida, as cidades deixam de ser problemas climáticos e passam a ser soluções sustentáveis.