Cientistas da ETH Zurich, na Suíça, desenvolveram um material inovador que combina tecnologia e biologia: um gel impresso em 3D contendo cianobactérias fotossintéticas, que cresce, vive e remove ativamente CO₂ do ar. A iniciativa é parte do projeto interdisciplinar ALIVE, que une áreas como engenharia, biologia e arquitetura para criar materiais vivos com funcionalidades úteis, como a fotossíntese.

O material apresenta um diferencial importante: a dupla forma de sequestro de carbono. As cianobactérias não apenas transformam CO₂ em biomassa por meio da fotossíntese, mas também modificam seu ambiente químico, gerando precipitação de minerais como calcário — que armazenam o carbono de maneira mais estável do que os compostos orgânicos.
A estrutura do material é composta por um hidrogel especialmente formulado para manter as condições ideais para a vida das cianobactérias. Ele transporta luz, água, CO₂ e nutrientes, além de permitir que as células se espalhem uniformemente. A geometria impressa em 3D foi otimizada para maximizar a exposição à luz e a circulação de nutrientes, garantindo que os microrganismos permanecessem ativos por mais de um ano. O material demonstrou capacidade contínua de captura de CO₂ por 400 dias, com eficiência superior à de muitos métodos convencionais.

Essa inovação não ficou apenas nos laboratórios. Com o apoio de pesquisadores da arquitetura, como Andrea Shin Ling, as estruturas foram escaladas para uso experimental em ambientes reais. Na Bienal de Arquitetura de Veneza, a instalação Picoplanktonics utilizou esses materiais vivos para construir estruturas que capturam até 18 kg de CO₂ por ano — valor comparável ao de uma árvore adulta. A produção em grande escala foi desafiadora, mas resultou em peças funcionais e sustentáveis que também apresentam apelo estético.