Um estudo da Universidade de Reading, na Inglaterra, alerta que o aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas poderá forçar aeroportos europeus a limitar o número de passageiros por voo nas próximas décadas. Isso ocorre porque o ar mais quente é menos denso, dificultando a decolagem das aeronaves, que precisam gerar sustentação suficiente para voar.

A pesquisa, publicada na revista Aerospace, analisou 30 aeroportos europeus e teve como foco o Airbus A320, comum em voos de curta e média distância. Até a década de 2060, aeroportos com pistas curtas poderão ser obrigados a reduzir o peso máximo de decolagem, o que equivaleria à exclusão de cerca de dez passageiros por voo durante o verão.
Quatro destinos turísticos do Mediterrâneo — Chios (Grécia), Pantelleria e Roma Ciampino (Itália), e San Sebastián (Espanha) — devem ser os mais afetados, por conta de suas pistas mais curtas. Com ondas de calor mais frequentes, as companhias aéreas terão que reduzir ainda mais o peso das aeronaves, o que pode impactar a lucratividade das operações e aumentar o custo das passagens.

Aeroportos maiores, como Heathrow e Gatwick, têm pistas mais longas e conseguem operar normalmente com o A320, mas podem ter dificuldades com aeronaves maiores, como o Airbus A380. Além disso, o calor extremo pode acelerar a degradação das pistas, exigindo mais manutenção e alterando a programação de voos para horários mais frescos.
Os pesquisadores destacam que, embora a aviação contribua para as emissões de gases do efeito estufa, ela também sofrerá os impactos diretos das mudanças climáticas. A adoção de caminhos mais sustentáveis poderia mitigar esses efeitos, enquanto a manutenção de altas emissões agravaria o problema nos próximos anos.