Imagine concreto reparando suas próprias fissuras como a nossa pele cura um corte. A Dra. Congrui Grace Jin, da University of Texas, inspirou‑se na autossuficiência dos líquens para criar um sistema sintético que permite ao concreto autorreparar‑se sem intervenção externa.

O concreto, material mais usado na construção, racha com facilidade por ciclos de congelamento e degelo, retração ao secar e cargas pesadas. Essas fissuras, mesmo mínimas, permitem a entrada de água e gases, corroendo o aço interno e enfraquecendo a estrutura.
Pesquisas anteriores de concreto autorreparável dependem sempre de fornecer nutrientes aos microrganismos encapsulados, o que exige injeções ou pulverizações após a detecção das rachaduras. Esse processo é caro, lento e pouco prático para obras em uso constante.
O sistema de Jin usa cianobactérias para converter ar e luz em alimento e fungos filamentosos para produzir minerais selantes. Em testes, esses microrganismos sobreviveram e preencheram fissuras dentro do concreto apenas com ar, luz e água.

A equipe responsável criou ainda uma usina‑piloto para aplicar o líquen sintético em concretos pré‑fabricados, reduzindo em até 30 % o tempo de cura inicial. Sensores de pH e umidade monitoram fissuras em tempo real e ajustam automaticamente a dosagem de água para otimizar a atividade microbiana.
Além dos laboratórios, Jin colabora com a Texas A&M para avaliar a aceitação social e as questões éticas, ambientais e legais do uso de organismos vivos em obras. A tecnologia pode reduzir custos, prolongar a vida útil das construções e até viabilizar estruturas em ambientes extremos, como no espaço.