Um estudo da UC Merced revelou que mais de 400 mil hectares de terras agrícolas inativas por ano são responsáveis por grande parte do aumento de eventos de poeira na Califórnia, afetando a saúde de milhões e o clima regional. O Vale Central concentra 77% dessas terras e é a origem de cerca de 88% dos grandes eventos de poeira causados por humanos, principalmente nos condados de Kern, Fresno e Kings, onde culturas como trigo, milho e algodão são deixadas em pousio.

A poeira gerada por essas áreas pode conter substâncias tóxicas e patógenos que provocam doenças respiratórias graves, como a febre do Vale, além de estarem associadas a demência, doenças cardíacas, asma e até alterações no ciclo menstrual. Populações vulneráveis são as mais afetadas. Além da saúde, a poeira também compromete a visibilidade nas estradas, gerando acidentes, e reduz a produtividade agrícola ao desgastar as lavouras e empobrecer o solo.
A expansão das áreas em pousio entre 2008 e 2022 está ligada a fatores econômicos e à Lei de Gestão Sustentável das Águas Subterrâneas, que limita o uso de água por parte dos agricultores. Embora a lei seja fundamental para o futuro hídrico do estado, ela traz efeitos colaterais para comunidades vizinhas, como o aumento da poeira, exigindo medidas de mitigação.

Entre as soluções sugeridas estão o uso de culturas de cobertura que preservem o solo e reduzam a erosão causada pelo vento. Eventos de poeira são influenciados pelo clima, mas se tornam mais frequentes com o solo seco e exposto.
Pesquisas como esta e outras desenvolvidas pela coalizão UC Dust são essenciais para entender os impactos da poeira no clima, na saúde pública e na agricultura. Segundo os cientistas, compreender o papel das terras agrícolas inativas pode mudar a forma como o problema é calculado e enfrentado em nível estadual e global.