Tecnologias avançadas de edição genética, já utilizadas em agricultura e projetos de desextinção, estão sendo vistas como uma solução inovadora para restaurar a diversidade genética e salvar espécies ameaçadas de extinção. Cientistas defendem a integração dessa ferramenta no campo da conservação ambiental para reverter a perda de variabilidade genética causada por mudanças ambientais rápidas e extinções locais.

Um grupo internacional multidisciplinar de geneticistas e biotecnólogos propõe usar amostras históricas de DNA, como as de coleções de museus e biobancos, para recuperar variações genéticas perdidas em populações em risco. Essas intervenções poderiam reintroduzir genes importantes para a imunidade e adaptação climática, ampliando as chances de sobrevivência das espécies no futuro.
Um exemplo prático citado é o pombo-rosa de Maurício, que teve sua população recuperada de cerca de 10 para mais de 600 indivíduos, mas ainda sofre com erosão genômica, que compromete sua resiliência. A edição genética poderia restaurar a diversidade genética necessária para que essa espécie se adapte a novas ameaças ambientais.
Além da recuperação de variações perdidas, os cientistas destacam outras duas aplicações-chave da edição genética: facilitar a adaptação por meio da introdução de genes de espécies relacionadas melhor adaptadas, e a remoção de mutações nocivas fixadas em populações reduzidas, potencialmente melhorando a saúde, fertilidade e sobrevivência dos animais.

Apesar do potencial, os pesquisadores ressaltam os riscos envolvidos, como efeitos genéticos fora do alvo e perdas não intencionais na diversidade. Eles defendem testes rigorosos em pequena escala, monitoramento a longo prazo e diálogo com comunidades locais, enfatizando que a edição genética deve complementar, e não substituir, as estratégias tradicionais de conservação.