A questão do trabalho doméstico não remunerado, que representa mais de 25% do PIB da América Latina, foi central em um evento promovido pela ONU sobre sistemas de cuidado integrados. O evento, intitulado “Integrated Care Systems in Motion: Lessons from UN Country Teams and National Governments”, aconteceu durante a 16ª Conferência Regional sobre a Mulher na América Latina e no Caribe. Representantes de governos, agências da ONU e sociedade civil de países como Chile, Colômbia, Uruguai, Brasil e México discutiram os desafios e melhores práticas no setor de cuidados, enfatizando a importância da equidade de gênero e da inclusão social.
Participantes destacaram o valor econômico do trabalho de cuidados não remunerado, especialmente o realizado por mulheres, que representam 74,5% desse trabalho. A pesquisa da ONU revelou que o trabalho doméstico e de cuidado não remunerado representa de 18,8% a 26,8% do PIB regional.
Alanna Armitage, representante da UNFPA no México, afirmou que quando o cuidado recai de forma desproporcional sobre as mulheres, elas enfrentam a difícil escolha entre a carreira profissional e a família. Esse dilema afeta a economia e ameaça a sustentabilidade a longo prazo. Dados de uso do tempo mostram que as mulheres latino-americanas gastam de 12% a 24,2% de seu tempo com trabalho de cuidado não remunerado, comparado com 3% a 12,5% dos homens.
A ONU, por meio de seus planos de cooperação regional, busca integrar os cuidados nas políticas públicas de países como México, Colômbia, Brasil, Chile e Uruguai. Cada país tem se comprometido a criar sistemas nacionais de cuidado, formalizar o trabalho de cuidados e combater as desigualdades de gênero. O México, por exemplo, promove a co-responsabilidade social para o cuidado não remunerado em sua estratégia 2020-2025.
