O fenômeno conhecido como “turismo da última chance” vem crescendo à medida que destinos ameaçados pelas mudanças climáticas atraem visitantes ansiosos para ver paisagens, recifes e geleiras antes que desapareçam. A experiência pode ser transformadora, como a do escritor francês Cédric Duroux, que só percebeu a gravidade do derretimento dos glaciares ao visitar o antigo Okjokull, na Islândia. No entanto, especialistas alertam que esse tipo de turismo, quando feito sem planejamento e responsabilidade, pode acelerar a destruição justamente dos locais que pretende valorizar.

Pesquisas mostram que muitos turistas procuram destinos ameaçados, como recifes de coral e regiões polares, impulsionados pelo desejo de testemunhar sua beleza antes que desapareçam. Porém, a presença massiva em áreas frágeis traz impactos negativos significativos: degradação ambiental, introdução de espécies invasoras e sobrecarga de ecossistemas já vulneráveis. Locais como o Parque Nacional de Yosemite, Veneza e a Grande Barreira de Coral sofrem há anos com as consequências do excesso de visitantes.
Alguns estudiosos e guias defendem que o turismo consciente pode gerar benefícios. Ao despertar sentimentos de perda e empatia, essas experiências podem motivar ações concretas de preservação. Guias na Antártida e na Grande Barreira de Coral, por exemplo, recomendam viagens com operadores que integrem ciência cidadã, educação ambiental e práticas de baixo impacto.

O desafio, segundo especialistas como Robin Kundis Craig, está em transformar as emoções despertadas nessas viagens em mudanças reais de comportamento. Ainda são poucos os turistas que levam a conscientização além da experiência, mas projetos de ciência cidadã e programas de educação ambiental vêm tentando preencher essa lacuna, incentivando práticas sustentáveis tanto durante quanto após a viagem.