O cultivo do linho, outrora pilar da indústria têxtil na Irlanda do Norte, sofreu um grande declínio no século XX devido às mudanças nos hábitos de consumo. Hoje, está sendo redescoberto, não apenas como fibra natural para produtos sustentáveis, mas também como uma cultura capaz de restaurar a saúde do solo e contribuir para a descarbonização da indústria. Agricultores menores, em particular, veem nele uma oportunidade de diversificação econômica e sustentabilidade.

Helen Keys e seu marido, o escultor Charlie Mallon, começaram a cultivar linho quando não encontraram sacolas de linho irlandês para o trabalho artístico de Charlie. A experiência fez com que Helen percebesse o potencial da planta em substituir materiais como fibra de carbono e fibra de vidro, destacando o papel das fibras naturais na redução do impacto ambiental. Culturas como linho e cânhamo têm alta absorção de nutrientes e baixa necessidade de fertilizantes.
O professor Mark Emmerson, da Queen’s University Belfast, ressalta que o linho pode ajudar a reduzir o problema de algas em Lough Neagh, diminuindo o excesso de nutrientes no solo. Ele acredita que pequenas parcelas de linho em fazendas podem integrar uma transição justa para agricultores, permitindo que propriedades menores mantenham a produtividade e a viabilidade econômica.

A colheita e o processamento do linho seguem uma lógica circular, na qual quase nenhuma parte da planta é desperdiçada. Kathy Kirwan destaca que 50% do linho processado se transforma em shives, utilizados em compósitos, enquanto outras partes servem para papel, óleos e cera.
Além de fibras finas para tecidos, o linho pode gerar cordas, compósitos e outros produtos derivados do shive e das sementes. Agricultores e artesãos, como Cathy Kane, veem o linho como ideal para rotações de culturas e projetos de autossustentabilidade.