Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) revelou que 59% das espécies nativas do Vale do Paraíba do Sul possuem potencial de uso em setores como saúde, cosméticos e alimentação. Frutos, sementes e folhas podem gerar renda sem a necessidade de derrubar a floresta, oferecendo alternativas para a exploração sustentável e a valorização econômica das áreas reflorestadas. Essa abordagem busca conciliar conservação ambiental e geração de receita para comunidades locais.

Os pesquisadores destacam que, enquanto o manejo de madeira, créditos de carbono e serviços ecossistêmicos oferecem soluções de longo prazo, o mercado para produtos florestais não madeireiros com valor agregado pode gerar ganhos mais imediatos. Esse tipo de manejo é considerado não destrutivo, pois utiliza partes da planta como folhas, galhos, frutos e sementes, mantendo a floresta de pé e oferecendo benefícios econômicos no médio prazo.
No levantamento realizado, foram analisadas 46 parcelas de 900 m², totalizando 41.400 m² de floresta, com registro de 329 espécies, das quais 283 eram nativas. Entre elas, 167 espécies (59%) têm algum potencial bioeconômico, principalmente médico, cosmético ou alimentício. Apesar disso, apenas 13% dos estudos resultaram em produtos finais.

O estudo também investigou o interesse mercadológico das espécies por meio de patentes globais, identificando que 78 espécies possuem registros em 61 países, mas apenas 8% no Brasil. Isso evidencia tanto o potencial econômico existente quanto as oportunidades de pesquisa e desenvolvimento para novos produtos.
A exploração de produtos não madeireiros pode financiar projetos de restauração florestal e agregar multifuncionalidade às florestas nativas. A prática sustentável contribui para serviços ecossistêmicos essenciais, como provisão de água, sequestro de carbono e polinização.