O estudo global destacou a importância das ilhas brasileiras, como Fernando de Noronha, Trindade e o Arquipélago São Pedro e São Paulo, para a biodiversidade marinha, apontando que elas abrigam espécies de peixes únicas, conhecidas como endêmicas. Pesquisadores analisaram mais de 7 mil espécies recifais em 87 ilhas e arquipélagos, incluindo recifes mesofóticos, ambientes mais profundos com luz limitada, revelando a riqueza e singularidade desses ecossistemas.

Liderada por cientistas brasileiros em parceria com pesquisadores dos Estados Unidos, a pesquisa propõe um novo conceito chamado “endemismo insular-provincial”. Esse modelo amplia a definição de espécies exclusivas, considerando não apenas aquelas presentes em uma única ilha, mas também espécies restritas a grupos de ilhas próximas, sem atingir o continente. Cerca de 40% das espécies endêmicas se enquadram nessa categoria, demonstrando padrões de distribuição altamente limitados.
O levantamento mostrou que aproximadamente 12% da biodiversidade mundial de peixes recifais é formada por espécies endêmicas de ilhas, ressaltando que esses locais funcionam como verdadeiros laboratórios naturais da evolução. Hudson Pinheiro, um dos autores do estudo, afirmou que as ilhas brasileiras têm um papel muito maior do que se imaginava na manutenção do endemismo, algo até então pouco reconhecido na ciência.
O estudo também alerta para a fragilidade desses ecossistemas diante das mudanças climáticas. Pequenas alterações ambientais podem provocar consequências graves, como demonstrou o desaparecimento do peixe Azurina eupalama nas Ilhas Galápagos após o forte El Niño entre 1982 e 1983. A perda de espécies pode gerar efeitos em cascata, desequilibrando ecossistemas insulares mais isolados, onde a diversidade é naturalmente reduzida.