Um novo estudo desafia a antiga narrativa de que a população de Rapa Nui, também conhecida como Ilha de Páscoa, colapsou devido à exploração excessiva dos recursos naturais. Há cerca de 1.000 anos, um pequeno grupo de polinésios navegou pelo Pacífico e se estabeleceu na ilha, erguendo centenas de moai, enormes estátuas de pedra. Por muito tempo, acreditou-se que o crescimento populacional levou ao desmatamento, à extinção de aves marinhas e ao esgotamento do solo, resultando no colapso da civilização. No entanto, pesquisas recentes sugerem que a população nunca atingiu níveis insustentáveis.
O estudo, publicado na revista Science Advances, apresenta evidências de que os habitantes de Rapa Nui conseguiram manter uma população pequena e estável por séculos. Os pesquisadores destacam os “jardins de pedras” engenhosos onde os ilhéus cultivavam batatas-doces, um alimento básico da dieta local. Esses jardins ocupavam uma área suficiente para sustentar algumas milhares de pessoas.
Os “jardins de pedras” foram fundamentais para a subsistência da população. Espalhando pedras sobre superfícies protegidas do spray salino e do vento, os colonos criaram microclimas favoráveis ao cultivo de batatas-doces. Pesquisas mostram que essas pedras ajudavam a regular a temperatura e forneciam nutrientes ao solo. Essa técnica também foi observada em outras regiões, como a Nova Zelândia e as Ilhas Canárias, demonstrando uma adaptação eficaz em ambientes desafiadores.
O estudo utilizou modelos de aprendizado de máquina e imagens de satélite para identificar os jardins de pedras, concluindo que eles ocupam menos de meio por cento da ilha. Estimativas anteriores sugeriram populações de até 25.000 habitantes, mas o novo estudo aponta para uma capacidade de suporte de cerca de 3.000 pessoas, considerando a dieta baseada em batatas-doces e fontes marinhas.